domingo, 16 de janeiro de 2011

Hidroeletricas e as chuvas do sudeste, será que tem conexão?

Belo Monte, capítulo 5
Rios Flutuantes, umidade da Amazonia e desmatamentos: catástrofes anunciadas


A Usina de Belo Monte, mais uma vez, está em pauta causando o segundo pedido de demissão em poucos meses de presidentes do IBAMA por não concordarem com o licenciamento definitivo da obra.   Abelardo Bayma, funcionário de carreira do orgão, preferiu se afastar a ceder às pressões da EletroNorte.

Em artigo publicado no Estadão, o jornalista Washington Novaes, inumera alguns dos motivos

... Já a discussão sobre o projeto de Belo Monte (classificado pela revista do Instituto de Engenharia de São Paulo como "vergonhoso") parece não ter fim. A última vistoria do Ministério Público Federal mostrou (Amigos da Terra, 17/12) que não estão sendo cumpridas condicionantes impostas pelo Ibama na análise do estudo de impacto ambiental. Em dez anos são dez ações judiciais em torno do projeto, que nem sequer se sabe exatamente quanto custará, pois as informações variam de R$ 7 bilhões a R$ 30 bilhões. Nem quanto gerará de energia, pois isso depende de transposição de águas na seca (e para isso se fala na escavação de um canal maior que o do Panamá, sem explicar onde se depositarão os sedimentos). Ou para quantas pessoas se terá de prover instalações (20 mil? 80 mil?). Ainda assim, a usina é incluída no livro de realizações do atual governo e a Eletronorte anuncia o início das obras para abril de 2011, sem que 40 condicionantes do Ibama tenham sido cumpridas (o órgão já deu dois pareceres contra o início da construção), sem que se tenha autorização para remover comunidades indígenas atingidas e sem que se saiba até mesmo para onde irá a energia (ao que parece, em parte para usinas de alumínio e alumina no Pará. Será com subsídios na tarifa?). ...

Mas o que Belo Monte tem a ver com a catastrofe da região serrana do Rio?

Belo Monte em si, agora em 2011, nada. Ela nem foi construída ainda. Mas em 2015, será que não estaremos de novo falando em catástrofes. Há dias especialistas estão em todas as midias tentando explicar as causas da tragédia que aconteceu no Rio. Os meteoroogistas, os geólogos, geotécnicos. No começo a explicação estava nas construções irregulares nas encostas. Mas não explica tudo. Casas bem construídas também foram devastadas, morros com mata nativa e nenhuma construção também desmoronaram.

Então, tem a zona de convergência do Atlântico, um fenômeno que já explicava tudo anos atrás.


Como já descrevia Suzana de Sá Kloh em seu blog Reinvenção em dezembro de 2006


É a tal zona de convergência do Atlântico Sul. Há poucos anos as explicações para o mau tempo em Petrópolis se baseavam nas freqüentes frentes frias - que, certamente, vinham de São Paulo sem escala no Rio, parando aqui na serra. Agora vem essa tal zona. Nem se ouve mais falar em El Niño. Só há essa tal zona. Tudo convergindo sobre nossas cabeças e, sobretudo, sobre as cabeças dos petropolitanos, sobretudo os que moram à beira da serra, como eu.

Ou será a zona de convergência intertropical?

Bom a unanimidade agora diz que as fortes chuvas foram causadas por um corredor de umidade vinda da Amazonia. Muito bem, quem como eu já passou muitos verões no litoral paulista, sabe que a chuva chega quando venta sudoeste ou noroeste. Quando venta sudoeste o tempo também esfria, quanto venta noroeste esquenta e chove forte. Tudo isso é normal. O que não foi normal na historia do Rio foi intensidade da chuva. E por que será que veio tanta agua da Amazonia, hum?
Precipitação Média região serrana verão de 2005
 Em 12 de janeiro de 2011 choveu 182 mm em Nova Friburgo e 124 mm em Teresópolis

Miha amiga, bióloga, Giuliana Martins tem uma teoria: 
o desmatamento da Amazonia, agravado pelo recente desmatamento na região do cerrado,  com suas enormes plantações de soja; as muitas pequenas usinas hidroeltéricas construidas  recentemente no centro-oeste, bem como as próprias estradas asfaltadas e as cidades que crescem em volta dela, causando impermeabilzação do solo,  estão criando corredores de umidade que não encontram as mesmas barreiras naturais de pouco tempo atrás. Assim parte da umidade, que seria absorvida pela solo tanto na Amazonia quanto no Cerrado segue em frente rumo ao sudeste. E as represas? As represas repelem a chuva, porque tudo está baseado em eletromagnetismo e diferença de potencial, e além do mais causam ainda mais evaporação de água.

A Zona de Convergência do Atlântico Sul

(ZCAS) é uma região com uma extensa faixa e bandas de nuvens formadas desde a Amazônia, Brasil Central e Sudeste até o Oceano Atlântico. Essas nuvens estão associadas com chuvas ora fortes, ora moderadas, ora intermitentes, que persistem por no mínimo quatro dias e podem causar grandes transtornos, tais como alagamentos, inundações, desabamentos e transbordamentos.

 Francisco de Assis Diniz , bacharel em  meteorologia

Como bem demonstrou o Instituto de Física da USP, se o desmatamento da parte oriental leste do bioma amazônico atingir 40%, a sobrevivência da floresta estará totalmente em risco, pois o fluxo do vapor de água queajuda a formar as chuvas da região, os nossos rios flutuantes, poderá ser interrompido, colocando em
risco a biodiversidade e ameaçando seriamente a economia das regiões Sul e Sudeste


Assim, uma visão localizada dos efeitos da construção de uma usina das proporções de BeloMonte, me parece muito limitada. Pensar apenas nos impactos locais da usina é esquecer que vivemos em um sistema, chamado Terra, onde tudo está interligado. Represar rios que formam as grandes bacias amazônicas para gerar energia para a industria do Aluminio, que será consumido na China é brincar com fogo. 
Em 2011, infelizmente já estamos sentindo as consequências, como será em 2015?

Leia Mais: WWF

Laboratório de Biogeografia e Climatologia - UFV

 

 

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