quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A crise da Grécia, desdobramentos - cap 2

Nós, brasileiros, passamos anos tomando decisões econômicas em função do FMI. O bicho-papão que aparecia de vez em quando para ditar as condições para o próximo empréstimo salvador. Assim como nós, os argentinos, os uruguaios... O mundo mudou. E com ele o fluxo de capitais. Ou será que foi o inverso? Bom, não importa neste momento. A realidade dos anos 10, do século XXI é que após anos de bonança, pós entrada na União Européia, o mundo do dinheiro começa a cobrar a fatura das economias mais frágeis, como a Grécia, Portugal e Irlanda. E quem volta a cena: o afamado FMI. Aquele a quem nós, brasileiros, já não devemos mais nada, porque o mundo assim determinou que fosse.

 Passado quase uma ano da crise de liquidez, a Grécia cumpriu parte da sua tarefa de casa:
  • cortou salários
  • aumentou impostos e preços dos combustiveis
  • reduziu investimentos, como do gasoduto que ligaria a Russia, Bulgária e Grécia
  • e ampliou o seu programa de privatizações.
  • reestruturação do Estado e do modelo de governo municipal





O que prevê a nova Lei Fiscal 
A Grécia continua a tomar medidas para aumento de arrecadação fiscal: taxação sobre aumento de área construída em imoveis residenciais, combate a evasão fiscal com pesadas multas e penas de prisão são algumas das medidas impopulares que estão sendo tomadas.
 

Conseguiu um resultado expressivo na diminuição do deficit público, de 13,6% do PIB para 9,5%.
Mas viu a sua economia andar para trás em 2010:  uma redução de 4,5% no PIB em 2010.

Agora a Troika, como os gregos se referem ao trio FMI, Banco Central Europeu e  União Européia voltou a Grécia para dar seu parecer sobre estes resultados. Bom, mas a Grecia precisa fazer mais, conseguir outros 50 bilhões de euros. E como? Privatizações, inclusive de terras públicas. Bem que a Angela Merkel deu a idéia de eles venderem as Ilhas Gregas.

Ora, você aqui, terceiro mundista, agora emergente, pode pensar:
e eu com isso, nós já fizemos nossa parte, e não devemos mais nada pra ninguém. Agora é a vez deles.
Não é bem assim, até porque os que realmente ganham com isso são sempre os mesmos. Ganharam no Brasil, continuam ganhando, comprando. Ganharam na Argentina, no México, na Colombia. E vão continuar comprando. E agora estão ganhando na própria Europa. Começaram pela Grécia, depois Irlanda, Portugal... e não vão parar por aí. Querem basicamente terras, energia, minérios, logística. No fundo o mesmo que em 1500. No fundo os mesmos atores, mudando de posição no cenário.
O erro de países como a Grécia ou Portugal, ou mesmo a Argentina em outro momento, foi acreditar na magia da prosperidade que vem de empréstimos, de fluxo de capital, de privatização e não de renda. O mesmo erro que cometemos muitas vezes em nossa vida pessoal, quando vendemos um bem, ou fazemos uma loucura com o cartão de crédito. Que a história no sirva de alerta.

Erro pior talvez tenha sido acreditar nos ideais da Europa Unida:

  •  salários decentes, aposentadoria mais cedo, empregos abundantes especialmente no setor publico.
  • uma Europa social onde os direitos do trabalhador são protegidos e serviços públicos de qualidade estão disponíveis para todos
No fundo o que começa a se ver é o contrário, uma Europa estagnada, com altas taxas de desemprego, cortes em benefícios sociais. E uma gradativa perda de autonomia dos países. De Estados com uma História como a Grécia. Falta de visão? Ou será o contrário?
Uma Europa alemã?


Os gregos protestam.  Formalmente à União Européia, nas ruas, em greves. Mas... será que será o suficiente, ou terão mesmo que pensar em vender suas ilhas...

greve nos transportes publicos ~ fev 2011
A França e a Alemanha propõe um choque de competitividade. Em um mundo globalizado, não há razões para privilégios. Redução de salários, mais anos de trabalho... senão os empregos migram.
A China criou 57 milhóes de empregos industrias entre 2006-2010, enquanto na Europa 5 milhões de postos de trabalho desapareceram na área industrial entre 2008/9.

Como disse o jornal alemão Berliner Zeitung
"O que a chanceler Angela Merkel está propondo é um pacto da insanidade. Europa não precisa de mais Alemanha, ao contrário, precisa de mais solidariedade e espirito comunitario.

A Europa que se cria pós-industrial se vê ainda fortemente afetada por fatores que pareciam superados, e pior não enxerga o caminho para o futuro. Tecnologia, serviços, conhecimento?
Exportação de mão-de-obra qualificada?


“We have to look to be competitive but that is only one aspect. We should not focus just on the Chinese, we have to be focused on our own market and development. We have to organize a production sector, a service sector and a sector for delivering goods for our own population. That should be the first goal of every politician in Europe.”

" Nós temos que buscar ser competitivos mas esta não é a única questão. Não temos que nos focar apenas nos chineses, nós  temos que nos focar no nosso proprio mercado e desenvolvimento. Temos que organizar o setor produtivo, o setor de serviços e a logistica de distribuição das mercadorias para a nossa propria população. Este deveria ser o primeiro objetivo de cada politico europeu", Jurgen Klute, membro do Parlamento Europeu."

Para onde a Europa se mover afeta um pouco a todos nós...

Leia mais:
 Ekathimerini.com 


Em 24 de fevereiro houve mais uma greve geral na Grécia, com confronto entre policiais e manifestantes.
Convocado por centrais sindicais e movimentos Anarquistas de jovens gregos
Revindicações: fim dos cortes salariais, de privetizações e saida da Grecia do Euro.


sábado, 12 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Belo Monte - capitulo 6: mudando rumos

A sociedade começa a responder


Lentamente a sociedade brasileira começa se manifestar. A grande midia que até o ano passado se mostava amplamente favorável ao projeto, começa uma onda de questionamentos, desmentindo as verdades oficiais. Só para citarmos alguns: o jornal Estado de São Paulo em editorial e a jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo. Por outro lado a OAB se juntou ao Ministério Público, se manifestando a favor da paralisação das obras. A Justiça Federal concedeu prazo de 72 horas para as partes se manifestarem.


Em Brasília um novo protesto foi organizado, com forte presença de lideranças indígenas, e representantes de ONGs ligadas a movimentos ambientais. 

 André Dusek/AE

O abaixo-assinado organizado pela organização internacional Avaaz, reuniu 500.000 assinaturas de internautas contrários ao projeto.


Muito bem, mas o que é mais interessante neste processo é que pouco a pouco começam a aparecer vozes que falam em debate, e questionam que país queremos construir neste momento. O que eu chamo de identidade Brasil. Mais uma vez o programa Entre Aspas, da Globo News tratou do tema, trazendo posições antagônicas. 

A questão não é simples, o Brasil mantendo este ritmo de crescimento tem que gerar, segundo especialistas, 5.000 MW/ano de energia a mais. Ou seja, uma Belo Monte por ano. Como alcançar este equilíbrio?  Esta pergunta começa a ser feita. 


Por outro lado, Belo Monte é um símbolo, mas certamente não é a única usina a causar impacto ambiental, e prováveis mudanças no regime de chuvas, na região Amazônica e do Cerrado. Ninguém fala por exemplo das PCHs, que estão sendo construídas por todos os rios do país, represando inúmeras quedas d´agua. Ainda não é moda falar disso. Mas é uma realidade que causa impactos tanto ambientais, como sociais no interior, por exemplo, de Goiás. Mas este tema fica para o próximo capítulo..


Não seria o caso de se perguntar também, quem são os grandes grupos interessados neste projeto? 


  • Quem são os fornecedores e empreiteiras contratadas?


A Alstom assinou um contrato no valor aproximado de 1,1 bilhão de reais com a Norte Energia do Brasil para o fornecimento de equipamentos de energia para a usina de Belo Monte, terceira maior hidrelétrica do mundo, com uma capacidade planejada de 11.230 MW, projeto localizado no rio Xingu, no estado do Pará, região Norte.
A Alstom é líder de um consórcio formado pela alemã Voith e a austríaca Andritz para fornecimento de 14 conjuntos turbina-gerador Francis de 611 MW e seis conjuntos turbina-gerador Bulbo. A Alstom fornecerá sete conjuntos turbina-gerador Francis, equipamentos hidromecânicos, barramentos blindados e subestações associadas isoladas a gás (GIS) para as dezoito unidades geradoras da usina...Leia mais

  • Qual será o destino da energia gerada?
  • Qual o interesse internacional em relação a Belo Monte. Por que protestos em Nova York?!! 
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