terça-feira, 3 de agosto de 2010

Onde a ficção é a Realidade, John Nash faz palestra no Brasil

Me surpreendi hoje ao ler no site do estadao que o matemático John Nash estava dando uma palestra no Brasil, em um Encontro organizado pela FEA/USP sobre Teoria dos Jogos. É, John Nash aquele matemático interpretado por Russel Crowe no filme Uma Mente Brilhante. Nesta mistura de ficção e realidade tinha ficado com a impressão que ele já tinha morrido. Ao ler que ele estava aqui , falando de assuntos atuais como aquecimento global, expondo suas teorias, não pude deixar de ter uma sensação de que a vida tem alguma coisa de misteriosa. Acho que quem se emocionou com o filme vai entender.








A história deste Sr. John Nash tem alguma coisa de fascinante pra mim.
A genialidade, a esquizofrenia, a visão, o inferno, o reconhecimento afinal.
O chamado equilibrio Nash, um insight da sociedade viável do futuro.



Mas afinal que teoria é essa?

"Adam Smith disse que o melhor acontece em um grupo quando cada indivíduo faz o que é melhor pra si. Mas Adam Smith está incompleto: o melhor acontece quando cada indivíduo faz o que é melhor para si - e para o grupo", John Nash.

A teorica clássica dos jogos estava baseada em 2 pessoas jogando uma contra a outra, um jogo de participantes, onde um jogador ganhava quando o outro perdia. Suponha que você tenha mais jogadores, a teoria dos jogos entra em um estágio que as pessoas não podiam lidar. Não tinha como solucionar o problema. 

Nós poderíamos criar um modelo teórico que respondesse questões como: " Por que se blefa no poquer?", "Por que alguém aposta quando tem uma mão ruim?" ou "Por que alguém desiste quando está com uma mão boa?". Se a gente pudesse analisar comporamentos assim, então seria possível lidar com problemas reais da economia, negócios, politica, diplomacia. John Nash teve esta visão.

A visão de Nash era incrivelmente simples: ele provou que em todo jogo existe uma melhor estratégia para cada jogador a partir da estrategia escolhida pelos outros jogadores. Ele chamou de ponto de equilíbrio. E em 1950 apresentou sua prova matemática. Tinha 21 anos.

Anos depois o que ficou conhecido com "Equilibrio Nash" revolucionou a economia. Mas quando foi apresentado por Nash ninguém reconheceu seu potencial. Nem mesmo o proprio Nash.

Se ser louco é estar errado, existe um tipo de contradiçao aí, entre o que significa estar louco aos olhos do mundo e o que é ter esta experiencia na qual voce tem a sensação de ter tido uma revelação e está percebendo coisas sobre o mundo que outras pessoas parecem ser cegas para reconhecer.

Leilões, política monetária, comércio internacional, hoje, tudo é tratado como jogos estratégicos. A partir do final dos anos 1970, teoria dos jogos passou a ser um dos pilares da moderna economia. E o ponto central foi o equilibrio Nash.


Muito bem, este senhor esteve aqui em São Paulo participando do 2 Seminário sobre Teoria dos Jogos organizado pela professora Marilda Sotomayor que desenvolve pesquisa sobre teoria dos jogos aplicadas à economia (FEA/USP), ainda pouco estudada no Brasil.  Pena não ter ido assistir...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Elisabeth, a segunda



A rainha Elisabeth, ou Isabel como dizem alguns portugueses, após 53 anos de ausência, foi à sede da Onu em Nova York. Fez um breve discurso de 8 minutos, durante o intervalo de uma das semi-finais da copa (Uruguai x Holanda). Segundo as agências internacionais foi aplaudida por diplomatas de todo o planeta ao final.
Mas o que a Rainha foi dizer. Foi falar sobre a própria ONU e os desafios do Planeta para o futuro, destacando a questão do combate ao terrorismo e as mudanças climáticas.






Mr. President, I started by talking about leadership.

I have much admiration for those who have the talent to lead, particularly in public service and in diplomatic life - and I congratulate you, your colleagues and your predecessors on your many achievements.

It has perhaps always been the case that the waging of peace is the hardest form of leadership of all.

I know of no single formula for success, but over the years I have observed that some attributes of leadership are universal, and are often about finding ways of encouraging people to combine their efforts, their talents, their insights, their enthusiasm and their inspiration, to work together.

Sr Presidente, comecei falando sobre liderança

Tenho muita admiração por aqueles que tem o talento de liderar, particularmente no serviço público e na vida diplomática - e congratu-lo a você, aos seus colegas e predecessores pelas muitas conquistas.

Talvez a busca pela paz tenha sempre sido a mais difícil forma de liderança. 
Sei que não existe uma fórmula para o sucesso,  mas ao longo dos anos observei alguns atributos da liderança que são universais, e estão sempre ligados à capacidade de encontrar caminhos para estimular as pessoas a combinar seus esforços, seus talentos, seus insights, entusiasmo e inspiração, para trabalhar juntos.

The challenge now is to continue to show this clear and convening leadership while not losing sight of your ongoing work to secure the security, prosperity and dignity of our fellow human beings.
When people in fifty-three years from now look back on us, they will doubtless view many of our practices as old-fashioned. But it is my hope that, when judged by future generations, our sincerity, our willingness to take a lead, and our determination to do the right thing, will stand the test of time.
In my lifetime, the United Nations has moved from being a high-minded aspiration to being a real force for common good. That of itself has been a signal achievement.
But we are not gathered here to reminisce. In tomorrow’s world, we must all work together as hard as ever if we are truly to be United Nations.
 
O desafio agora é continuar a exibir esta clara liderança sem perder o foco na tarefa de assegurar segurança, prosperidade e diginidade aos nossos companheiros seres humanos. 
Quando as pessoas daqui a 53 anos olharem para nós, sem dúvida acharão que muitos dos nossos costumes são antiquados, ultrapassados. Mas espero que, quando for julgada pelas futuras gerações, nossa sinceridade, nossa vontade de liderar e nossa determinação de fazer a coisa certa, resistam a prova do tempo.
Durante minha vida, as Nações Unidas deixaram de ser uma aspiração de mentes elevadas e se transforamaram em um força real a favor do bem comum. Isto sozinho foi uma conquista.
Mas não estamos aqui para falar de reminicencias. No mundo de amanhã, precisamos trabalhar todos juntos com dedicação se realmente quisermos ser Nações Unidas.
Você pode estar se perguntando qual seria a relevância deste discurso. A Rainha Elizabeth, a Segunda ainda tem influência sobre a política externa de 54 países, aproximadamente 2 bilhões de seres humanos, cidadãos das nações que compões o Commonwealth. Será assim tão irrelevante?
Para entender o Commonwealth 

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A crise da Grécia, o que o Brasil tem a ver com isso?

Capítulo 2: a privatização dos serviços

Os primeiros desdobramentos da crise grega já estão aparecendo. As medidas para a contenção de despesas dos governos já se espalharam para outros países de risco da Europa, começando pela Espanha. A Alemanha está endurecendo as regras do mercado financeiro, e forçando uma politica fiscal rigida para o euro, no padrão alemão de administração do Banco Central. Ou seja, está tentando retomar o controle sobre o euro, colocando a moeda sobre padrões mais reais. E a Grécia, como está? A mobilização contrária às medidas, embora forte, neste momento está sob controle.



Após a primeira etapa de corte dos gastos do Governo, foi iniciada a fase 2 do plano de recuperação econômica, ou seja, gerar novas receitas, para cobrir o rombo. E como gerar receita para o Estado?
  • aumentando impostos, medida que já foi tomada anteriormente.
  • privatizando empresas estatais, para cobrir o rombo.
A politica monetaria no fundo é bastante próxima a vida de qualquer um que tenha que pagar contas. Se você tiver que pagar contas e sua renda não for mais suficiente você tem 2 caminhos: aumentar a renda através de uma atividade produtiva ou pedir um empréstimo para cobrir a dívida. A Grécia aceitou o empréstimo. Agora tem que pagar e pior continua sem dinheiro suficiente para viver. Só tem uma solução: vender algum bem de valor.


Mas o que vender? A telefonia já foi vendida, o gás também, as estradas privatizadas, a energia também.
O que nos resta? 
A Alemanha sugeriu que colocassem as Ilhas Gregas à venda. Parece brincadeira, né? No fundo não é: os alemães já estão comprando muitas propriedades na Grácia.

Surgiu uma outra alternativa:
Vender os Correios, os serviços de transporte e o bem maior do século 21, 
a água. 

E o que o Brasil tem a ver com isso?

 quer ver mais?
Jornal Rizospastis
 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A crise da Grécia, o que a gente tem a ver com isso?

Vivendo, vendo e aprendendo

A Grécia é um país lindo. Azul, branco, multicolor. O grego é um povo apaixonante e apaixonado. Berço da democracia. Há alguns milhares de anos vivem ali, cultivando suas oliveiras, discutindo nas praças, contemplando aquela imensidão azul que os cerca.


Peloponeso, visto por M.Lima

Há poucos anos, na entrada do século 21, tomou uma decisão estratégica: abandonou sua moeda a dracma que circulava há mais de 2000 anos e adotou o euro, a moeda da Europa Unida.

O processo de integração econômica trouxe um período de muita prosperidade.


Camponeses que viviam em pequenas cidades passaram a produzir para todo mercado europeu, o azeite grego se globalizou. O padrão de vida melhorou: a compra do primeiro carro ou a troca por um modelo último tipo. A mudança dos padrões de consumo, a reforma da casa. Os filhos foram estudar em outros países, porque todos passaram a ser cidadãos europeus. 
O turismo cresceu, mais hotéis, empregos, restaurantes, dinheiro em caixa.

Os investimentos diretos dos países mais ricos como a Alemanha, a expansão do setor de serviços e financeiro. O pequeno agricultor acredita no futuro, e se endivida para crescer. Por outro lado, as pequenas industrias locais são compradas e o setor de bens de consumo é absorvida pelas grandes multinacionais. O Estado arrecada mais e gasta mais. Os salários e aposentadorias aumentam de valor. E puff, vem a crise americana. O ritmo de crescimento mundial desacelera. A abundancia de capitais termina. Sufoco mundial.

Os bancos centrais injetam trilhões de dolares ou euros no mercado para evitar a depressão. Passado o susto, vem a conta. E infelizmente a Grécia não tem como pagar a fatura. Gasta todo mês mais do que arrecada. Não tem dinheiro em caixa. Não tem por onde aumentar a sua receita. Sem ajuda, quebra. A Alemanha e cia emprestam o dinheiro para que o desastre maior, que seria o contagio para outros países não aconteça. O preço? Na economia, parem de gastar o que vocês não tem, cortem salários e despesas. E arrecadem mais, aumentem os impostos. O famoso ajuste fiscal.
Na política, ou geopolítica? Vamos aguardar...
E o que é que o Brasil tem a ver com isso? Dizem os especialistas, podemos sofrer com um novo periodo de insegurança no mercado de capitais o que diminuiria o fluxo de investimentos estrangeiros diretos e indiretos no país. Ora, mas o empréstimo já foi dado e as bolsas voltaram a subir. Então o perigo já passou!
Será que era este o único perigo? E será que não a uma outra lição para aprender com o destino dos mais velhos?



Outras opinões

... O analista estima que o risco sistêmico foi debelado na Europa. Mas, ressalva ele, os governos, de modo geral, se endividaram muito a partir da crise financeira de 2008 e 2009 e vão ter de arcar com este endividamento nos curto, médio e longo prazos. Ele observa que todas as regiões no mundo sofreram dilapidação das contas fiscais. "Isto inclui o Brasil, que foi um dos países privilegiados durante a crise, mas que também teve suas contas extremamente deterioradas. Então acredito que todas as regiões do mundo, incluindo Japão, Europa, Estados Unidos e países emergentes terão de rever suas políticas fiscais no decorrer dos próximos anos ou vão enfrentar problemas graves no rolar dos seus endividamentos", disse Danny Rapport, no Estadão 

E você o que pensa?







segunda-feira, 3 de maio de 2010

Belo Monte, pontos de vista

Os americanos voltaram para Hollywood, os protestos se transferiram para Nova York e o leilão de Belo Monte saiu. A midia discutiu o tema por uma semana, é verdade. E até se ensaiou um movimento por parte de alguns jornalistas mais independentes questionando a necessidade real da usina, a processo de licitação e financiamento, o destino desta energia e os impactos socioambientais da obra.

Para ser realista a gente tem que concordar que é uma questão complexa, porque fica muito dificil defender a posição contrária quando os especialistas do setor afirmam que o Brasil precisa desta usina para manter o crescimento e proporcionar um melhor nivel de vida para a população que está melhorando de vida e tem também direito a adquirir eletrodomésticos e conforto, elevando o consumo per capita do país. Do seu apartamento com ar-condicionado, tomando uma bebida gelada em frente a Tv de plasma é fácil falar em sustentabilidade, o difícl é manter a posição quando isto representar alguma privação de conforto, né? Mais hipócrita ainda é defender que alguém tenha que se privar para você continuar tendo...

Por outro lado fica bem complicado imaginar que os índios que vivem hà séculos na beira do Xingu se sintam atraídos pela idéia de viver na casinha com eletricidade em um assentamento como propõe o governo.

Então, vamos alguns pontos de vista

O comentarista Carlos Alberto Sardenberg escreveu um artigo para o Estadão que achei interessante porque mostra uma visão diferente daquela normalmente defendida pelo próprio jornalista em outras midias:

... Um bom exemplo está na montagem do consórcio que vai construir a Usina de Belo Monte. O governo brasileiro seleciona e/ou pressiona grandes companhias privadas para que entrem no negócio, escala empresas e fundos de pensão estatais para turbinar a operação e determina quanto os bancos públicos vão financiar.

E por que as grandes companhias privadas topam, mesmo sabendo, como declararam, que a Usina de Belo Monte sairá mais cara do que o estimado pelo governo e que, portanto, o preço licitado da energia não paga o empreendimento?
 
Por dois motivos: primeiro, porque não querem ficar de mal com um governo que acena com muitos outros negócios, como o trem-bala, por exemplo, estimado em cobiçados R$ 35 bilhões. E, segundo, porque acreditam que o governo vai dar um jeito de acertar preços e pagamentos mais à frente.

Esse tipo de regime econômico não é uma criação do lulismo. Pratica-se por boa parte do mundo, há muito tempo. Funciona?....

Para ler o texto completo acesse o site do estadão






sábado, 1 de maio de 2010

Que país será este?

Eleições, que caminho queremos para o Brasil?

O assunto preferido na cobertura das eleições está sempre ligado à economia. A pergunta dominante é qual candidato é mais competente para que o Brasil continue crescendo, e a discussão reinante há anos é que partido foi responsável pelo boom econômico do país:
tem o time do FHC, e o timão do Lula.

Ora, com um pouco de sensatez não fica difícil reconhecer os méritos que os dois governos tiveram neste processo. E também deixando a ingenuidade de lado sabemos que muito deste crescimento se deve às transformações que a geopolitica mundial está sofrendo. Na minha visão a grande questão desta eleição não passa pela economia, independente do candidato que vença a macroeconomia não sofrerá grandes mudanças. O que está em jogo sim é a identidade do país. A cara que o Brasil quer ter e que país queremos deixar para as próximas gerações.

Desenvolvimento sim, mas a que custo? Conservando ou destruindo a natureza. Se preocupando com industria nacional ou continuando a vender para os estrangeiros. Exportar ou cuidar do consumo interno. Privatizar ou investir com recursos públicos.

E o Estado? Vamos continuar com esta tendência de estado paternalista, que está começando a se meter em questões privadas, ou somos um país que preza a liberdade.

Queremos ser uma potência mundial ou isto não faz parte da nossa índole?

Queremos simplesmente copiar o modelo dos países ricos ou será que estamos destinados a criar o novo?

Acho que está na hora de começarmos a pensar com cabeça própria.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ainda sobre Belo Monte

Assim como a parte da midia passei a pesquisar mais sobre o que havia de informação disponível na internet sobre o tema Belo Monte. Descobri que o projeto original já foi modificado algumas vezes o que resultou em uma diminuição considerável da área a ser alagada. Que houveram audiencias publicas feitas às pressas e com pouca divulgação, simplesmente para cumprir uma exigência legal. Que as alternativas que são sugeridas por quem é o contrário ao projeto são a energia eólica e bioenergia ou ainda como propõe a WWF uma redução no consumo. Que boa parte da energia gerada será usada na produção de aluminio pela CBA do grupo Votorantim e pela Vale. E que o consórcio vencedor organizado pelo Governo na última hora e financiado com dinheiro público é um assunto bem estranho.

RIO - O financiamento que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concederá ao consórcio Norte Energia, vencedor da disputa para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, será o segundo maior empréstimo da história da instituição. Perde apenas para o crédito de R$ 25 bilhões liberado para a Petrobras, que teve contrato de financiamento assinado em julho do ano passado.


RIO - O financiamento que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concederá ao consórcio Norte Energia, vencedor da disputa para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, será o segundo maior empréstimo da história da instituição. Perde apenas para o crédito de R$ 25 bilhões liberado para a Petrobras, que teve contrato de financiamento assinado em julho do ano passado...



O Estadão criou também um caderno muito bom no site, olhar sobre o mundo, foto-reportagens, que neste caso dizem muito.


RIO XINGU - AE/DIDA SAMPAIO



Será mesmo que esta precisamos desta obra?

Outras opiniões:

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Belo Monte, finalmente em discussão pública

Como poderíamos esperar após a interferência do personagm famosoa midia passou a se interessar pela questão de Belo Monte, antes restrita a TV Senado e aos jornais do Pará e aos movimentos diretamente envolvidos no processo. Que bom. Quem sabe agora o Brasil comece a se perguntar que caminhos quer tomar em relação a este tema.

Mas aí você me pergunta, por que este tema te interessa tanto? Não é só mais uma usina hidrelétrica, como tantas outras? Não, não é não. A decisão que o Brasil tomar sobre Belo Monte vai ser muito demonstrativa de que país queremos ser. Muitas questões estão envolvidas nesta decisão:

  • o futuro de comunidades indígenas tradicionais
  • o modelo de desenvolvimento econômico que queremos
  • a preservação da Amazonia
  • a relevancia do capital estrangeiro no nosso desenvolvimento
  • a contribuição que estamos dispostos a dar para ter um país verde...

No fundo a discussão que já está em questão faz tempo, e pouca gente está se dando conta, é sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação.

Na teoria todo mundo quer preservar, na vida real, todo mundo quer consumir e ter conforto. E aí, como é que fica? Qual é sua posição?

Ontem, o Espaço Aberto, excepcionalmete conduzido por Flavia Oliveira, apresentou um excelente debate entre Mauricio Tomasquim, representante do Governo e Carlos Vainer, da UFRJ. Ótimo ponto de partido, para quem quiser formar uma opinião.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Hidrelétrica, energia sustentável?

Será mesmo que a usina de Belo Monte é inofensiva?

James Cameron, diretor de Avatar, veio ao Brasil lançar o DVD e ao mesmo tempo uma campanha contra a construção da hidroelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. Muita gente protestou do protesto: o que é que o gringo tem a ver com isso?
É um ponto de vista. O outro é que nós precisamos que algum personagem exótico com visibilidade na midia abra a discussão sobre um assunto que já deveríamos estar discutindo há muito tempo.

O projeto de Belo Monte é antigo, vem desde o governo militar, lá nos anos 70, tempos de Itaipu e do milagre econômico. Veio a crise dos anos 80 e ele ficou esquecido. Só no governo FHC é que foi retomado como uma alternativa para aumentar a capacidade de geração de energia no país. Mas aí começaram os questionamentos quanto ao impacto socioambiental da obra. De um lado o Ibama não dava o licenciamento ambiental, e do outro as comunidades indigenas, especialmente os kaiapós, se uniram para combater a obra.


O resultado é que o projeto ficou paralisado até o governo Lula e o PAC. Considerada uma das principais obras do programa, é um tema extremamente polêmico. Há muitos questinamentos:
  • qual a real capacidade de geração de energia da usina?

o governo fala em 11.000MW, muitos especialistas questionam estes valores, ponderando que por causa da estação seca, a média anual seria inferior a 5.000MW.

  • o Congresso tem competência para autorizar a obra sem levar em consideração os interesses das comunidades indígenas?

o tema foi diversas vezes questionado no Supremo Tribunal Federal

  • por que só agora, o projeto foi licenciado pelo Ibama?

Talvez a senadora Marina Silva possa nos esclarecer...

  • por que este tema está sendo discutido no Exterior?
  • por que a FUNAI não se manifesta?

Os movimentos sociais envolvidos, assim como representantes da Igreja Católica notificaram a ONU sobre a questão, em mais uma tentativa de adiar a execução da obra. (voce pode ler a íntegra do documento

E o que fazemos então para gerar energia para o crescimento? O ex-presidente da Eletronorte, José Muniz Lopes, em entrevista de 2002 defende a usina. As outras opções seriam economicamente inviáveis, ou mais complicadas ainda, como termoeletricas ou usinas nucleares.

O leilão está marcado, para dia 16 de abril. Apenas um consórcio de empresas está habilitado. São 4 grandes grupos econômicos envolvidos: Andrade Gutierrez, Votorantim, Vale, Neoenergia.

Acabo de ler no site do Estadão que o leilão foi suspenso pela Justiça do Pará.

E nós brasileiros que país queremos? Verde, colonizado, sustentável, poderoso no cenário mundial, novo mundo...?