quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ainda sobre Belo Monte

Assim como a parte da midia passei a pesquisar mais sobre o que havia de informação disponível na internet sobre o tema Belo Monte. Descobri que o projeto original já foi modificado algumas vezes o que resultou em uma diminuição considerável da área a ser alagada. Que houveram audiencias publicas feitas às pressas e com pouca divulgação, simplesmente para cumprir uma exigência legal. Que as alternativas que são sugeridas por quem é o contrário ao projeto são a energia eólica e bioenergia ou ainda como propõe a WWF uma redução no consumo. Que boa parte da energia gerada será usada na produção de aluminio pela CBA do grupo Votorantim e pela Vale. E que o consórcio vencedor organizado pelo Governo na última hora e financiado com dinheiro público é um assunto bem estranho.

RIO - O financiamento que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concederá ao consórcio Norte Energia, vencedor da disputa para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, será o segundo maior empréstimo da história da instituição. Perde apenas para o crédito de R$ 25 bilhões liberado para a Petrobras, que teve contrato de financiamento assinado em julho do ano passado.


RIO - O financiamento que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concederá ao consórcio Norte Energia, vencedor da disputa para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, será o segundo maior empréstimo da história da instituição. Perde apenas para o crédito de R$ 25 bilhões liberado para a Petrobras, que teve contrato de financiamento assinado em julho do ano passado...



O Estadão criou também um caderno muito bom no site, olhar sobre o mundo, foto-reportagens, que neste caso dizem muito.


RIO XINGU - AE/DIDA SAMPAIO



Será mesmo que esta precisamos desta obra?

Outras opiniões:

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Belo Monte, finalmente em discussão pública

Como poderíamos esperar após a interferência do personagm famosoa midia passou a se interessar pela questão de Belo Monte, antes restrita a TV Senado e aos jornais do Pará e aos movimentos diretamente envolvidos no processo. Que bom. Quem sabe agora o Brasil comece a se perguntar que caminhos quer tomar em relação a este tema.

Mas aí você me pergunta, por que este tema te interessa tanto? Não é só mais uma usina hidrelétrica, como tantas outras? Não, não é não. A decisão que o Brasil tomar sobre Belo Monte vai ser muito demonstrativa de que país queremos ser. Muitas questões estão envolvidas nesta decisão:

  • o futuro de comunidades indígenas tradicionais
  • o modelo de desenvolvimento econômico que queremos
  • a preservação da Amazonia
  • a relevancia do capital estrangeiro no nosso desenvolvimento
  • a contribuição que estamos dispostos a dar para ter um país verde...

No fundo a discussão que já está em questão faz tempo, e pouca gente está se dando conta, é sobre o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação.

Na teoria todo mundo quer preservar, na vida real, todo mundo quer consumir e ter conforto. E aí, como é que fica? Qual é sua posição?

Ontem, o Espaço Aberto, excepcionalmete conduzido por Flavia Oliveira, apresentou um excelente debate entre Mauricio Tomasquim, representante do Governo e Carlos Vainer, da UFRJ. Ótimo ponto de partido, para quem quiser formar uma opinião.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Hidrelétrica, energia sustentável?

Será mesmo que a usina de Belo Monte é inofensiva?

James Cameron, diretor de Avatar, veio ao Brasil lançar o DVD e ao mesmo tempo uma campanha contra a construção da hidroelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. Muita gente protestou do protesto: o que é que o gringo tem a ver com isso?
É um ponto de vista. O outro é que nós precisamos que algum personagem exótico com visibilidade na midia abra a discussão sobre um assunto que já deveríamos estar discutindo há muito tempo.

O projeto de Belo Monte é antigo, vem desde o governo militar, lá nos anos 70, tempos de Itaipu e do milagre econômico. Veio a crise dos anos 80 e ele ficou esquecido. Só no governo FHC é que foi retomado como uma alternativa para aumentar a capacidade de geração de energia no país. Mas aí começaram os questionamentos quanto ao impacto socioambiental da obra. De um lado o Ibama não dava o licenciamento ambiental, e do outro as comunidades indigenas, especialmente os kaiapós, se uniram para combater a obra.


O resultado é que o projeto ficou paralisado até o governo Lula e o PAC. Considerada uma das principais obras do programa, é um tema extremamente polêmico. Há muitos questinamentos:
  • qual a real capacidade de geração de energia da usina?

o governo fala em 11.000MW, muitos especialistas questionam estes valores, ponderando que por causa da estação seca, a média anual seria inferior a 5.000MW.

  • o Congresso tem competência para autorizar a obra sem levar em consideração os interesses das comunidades indígenas?

o tema foi diversas vezes questionado no Supremo Tribunal Federal

  • por que só agora, o projeto foi licenciado pelo Ibama?

Talvez a senadora Marina Silva possa nos esclarecer...

  • por que este tema está sendo discutido no Exterior?
  • por que a FUNAI não se manifesta?

Os movimentos sociais envolvidos, assim como representantes da Igreja Católica notificaram a ONU sobre a questão, em mais uma tentativa de adiar a execução da obra. (voce pode ler a íntegra do documento

E o que fazemos então para gerar energia para o crescimento? O ex-presidente da Eletronorte, José Muniz Lopes, em entrevista de 2002 defende a usina. As outras opções seriam economicamente inviáveis, ou mais complicadas ainda, como termoeletricas ou usinas nucleares.

O leilão está marcado, para dia 16 de abril. Apenas um consórcio de empresas está habilitado. São 4 grandes grupos econômicos envolvidos: Andrade Gutierrez, Votorantim, Vale, Neoenergia.

Acabo de ler no site do Estadão que o leilão foi suspenso pela Justiça do Pará.

E nós brasileiros que país queremos? Verde, colonizado, sustentável, poderoso no cenário mundial, novo mundo...?