quinta-feira, 17 de março de 2011

Por que o Japão?

Um ensaio sobre o imponderável

O Japão é um país que sempre me intrigou. Devo dizer que nunca compreendi muito os japoneses, e na minha juventude não tinha muita tolerância com eles. Os anos 80 chegaram e com eles a predominancia das Toyotas, Sonys e Sushis... O mundo mudou o seu olhar sobre o Japão. Eu também. Mas continuei sem compreender muitos fenômenos por lá. A economia, por exemplo. Enquanto o mundo todo penava para ter reservas cambiais, o Japão sofria por excesso delas. Dinheiro demais também é problema. O Japão passou a investir em todo mundo, comprando ativos, internacionalizando suas empresas, financiando projetos de desenvolvimento em países do então terceiro mundo, como o Brasil. E mesmo assim ainda tinha problemas por excesso de caixa. Não adianta os meus olhos ocidentais não conseguem compreender a economia do Japão. Recentemente as colunas de economia falavam que o Japão, que vem crescendo a ritmo lento nos últimos anos, corria o risco de entrar em um perigoso processo de deflação e baixo consumo interno.

Mas na verdade o que talvez nossos olhos ocidentais não vejam é que os japoneses que já foram ávidos consumidores de todo tipo de tecnologia e griffes famosas, talvez tenham se cansado de tudo isso, e hoje procurem as lojas de oferta não por falta de poder aquisitivo, mas por excesso dele. Talvez os japoneses tenham estejam se cansando de consumir e tenham mais apreço por outros valores, como o Tempo ou a Natureza ou a Liberdade de se expressar.



Coisas do Japão

Há muitas noticias surpreendentes sobre o Japão: por exemplo, os jovens têm pouco interesse por sexo, 

... Entre os jovens de 16 a 19 anos, 36% dos rapazes se descreveram indiferentes ou com aversão a sexo. Mas eles também podem reclamar delas. Entre as japonesas da mesma faixa etária, o desinteresse ou aversão ao sexo chega a 59%. O percentual cresceu em relação a mesma pesquisa feita em 2008: aumentou 19% entre os homens e 12% entre as mulheres...

Ou a tradicional festa do Sakura:

Comemoração a florada das cerejeiras em Sendai


Os japoneses inventaram o sistema de produção just in time, que revolucionou a cadeia produtiva mundo afora, e agora após os ultimos eventos trágicos que aconteceram por lá, sua própria fórmula de sucesso vai virar contra eles. Como o sistema opera com um cadeia produtiva altamente enxuta, a paralisação de uma parte paralisa rapidamente o todo. A economia do Japão parou. 

Uma das muitas consequencias econômicas é fazer com que a China perca temporariamente um dos seus principais fornecedores de componentes e insumos. 
Outra  é fazer com que a Alemanha, um dos paises onde o movimento anti energia atomica foi mais forte nos anos 70, reveja por pressão da sociedade sua politica de renovação de usinas nucleares. 

Energia Nuclear, não obrigado


Será que este País tão exótico, não estará querendo nos dar a todos alguma lição? 
Este país que já sofreu uma consequencia tão nefasta por seus sonhos de poder, na Segunda Guerra Mundial.
Mas que também sonha outros Sonhos, em Kurosawa, não estará nos mostrando um caminho?


Será que não estão nos dizendo: basta!


Continua...

Fontes:

quinta-feira, 3 de março de 2011

Belo Monte - capítulo 7: a novela continua

Liminar que impedia a construção de canteiro de obras foi cassada pelo Tribunal Regional Federal

Em princípio o principal argumento do desembargador federal, Olindo Menezes,  é que os empreendedores não teriam que cumprir todas as condicionantes do projeto para iniciar as obras. Assim, a novela continua. A liminar obtida anteriormente pelo Ministério Publico Federal, além de impedir a construção do canteiro de obras, também proibia o BNDES de repassar recursos para o empreendimento. 

Recentemente, o grupo Bertin, que detinha 9% de participação no consorcio Norte Energia, responsavel pela obra, desistiu do projeto. Novos investidores são esperados. Entre os cotados: a Vale e grupo Votorantim. 

O Ministerio Publico Federal promete recorrer uma vez mais da decisão. O principal argumento é que não foram realizadas as obras de infraestrutura e saneamento na região de Altamira que deve receber mais de 100.000 trabalhadores em função da obra. Aliás, não é só em Belo Monte que este problema ocorre: em diversas cidades do centro-oeste, onde estão sendo construidas usinas de pequeno porte, ocorre um aumento significativo da população em função da obra, o que termina por causa inúmeros problemas sociais.





Por outro lado, ONGs como Xingu Vivo, buscam um novo forum para a questão, a OEA, que já impediu a construção de uma usina no Panamá, por não respeitar a população local.

Organizações internacioanis de meio ambiente e direitos humanos como Amazon Watch organizaram uma missão internacional a 4 cidades europeias (Oslo, Paris, Londres e Genebra) para  denunciar impactos econômicos, sociais e ambientais, bem como irregularidades que envolvem a construção de grandes barragens na Amazônia.

Lideranças indígenas, como a kayapó Sheyla Juruna, foram ouviadas na Casa dos Lordes, em Londres e na Agência Energética Norueguesa, entre outras instituições.

Protestos em Londres
As barragens trarão danos sociais, culturais e ambientais irreversíveis. Ao investir em hidrelétricas, o BNDES está investindo na destruição da Amazônia. Todos os nossos direitos estão sendo violados”, afirmou Sheyla.

Assim pouco a pouco a questão se internacionaliza. E nós brasileiros vamos deixando de lado mais uma oportunidade de discutir o país que realmente queremos.