sexta-feira, 29 de abril de 2011

Belo Monte: novos desdobramentos

Novos investidores, novos manifestos

Muito me surpreende neste tema de energia hidreletrica em geral, e Belo Monte em particular, a ausência de um posicionamento de ativistas ambientais como o GreenPeace, o próprio PV brasileiro e mesmo outras organizacoes ambientalistas como a SOS Mata Atlântica. Esta mais do que na hora de rever esta posição de que hidreletricas são o caminho das pedras para um mundo sustentável. Energia limpa quanto a emissões de carbono, não quer dizer energia sustentável. Tudo em excesso, tem seu preço.


Protesto trabalhadores usina Jirau
Não falo só de Belo Monte, falo também das pequenas centrais hidreletricas que já estão afetando o Pantanal e o Cerrado, isto para não mencionar as hidreletricas do Rio Madeira, em Rondônia, palco de cenas de revolução recentemente, ou os efeitos da transposição do São Francisco, obra que caminha a pleno vapor. O futuro cobrara nossa omissão, tenham certeza.


Nos ultimos dias a senadora Marina Silva se manifestou a respeito de Belo Monte:

..."A gente vive com a corda no pescoço a cada ano, com risco de apagão. Não podemos ficar reféns de um empreendimento como Belo Monte. Vão passar por cima dos [índios] caiapós e fazer de qualquer jeito?"...

A questão é que a ex-senadora fica em uma posição difícil porque ao defender as energias renováveis esta incluindo as hidreletricas, então por que excluir Belo Monte? O motivo principal seriam os índios que terão suas aldeias e modo de vida afetados pelo empreendimento. Verdade. Assim como outras populacoes ribeirinhas não menos importantes. Mas e a questão ambiental em si, não se discute? 


A alteração da vazão dos rios, o regime de chuvas, o impacto sobre a fauna da região, desmatamento, as consequencias do aumento da população nas cidades da região nada disso importa? 


Sobre o destino desta energia também pouco se discute.

A Vale anunciou em abril que irá entrar no empreendimento comprando a participação de 9% do Grupo Bertin, com investimentos de 2,3 bilhoes de reais, aumentando sua capacidade de auto-geração de energia para 63%. 

É este o caminho para o Brasil? 


Para o biólogo americano, Philip Fearnside, pesquisador do INPA, a Usina de Belo Monte, vendida como solução para evitar o apagão no País, terá boa parte de sua energia usada pela indústria de eletrointensivos, em especial a de alumínio. Para ele, o Brasil vai exportar produtos primários, criando empregos no exterior. "E os impactos vão ficar aqui, com os ribeirinhos e os índios."

... "Ninguém quer fazer hidrelétrica nos Estados Unidos, na Europa, para fazer alumínio. A solução é fazer isso na Amazônia e deixar os impactos aqui e os benefícios no Hemisfério Norte."...

E prossegue: " Belo Monte é apresentada como uma iniciativa contra o "apagão". O brasileiro médio é levado a pensar que vai ficar sem ver TV se não forem feitas as hidrelétricas do Madeira, de Altamira, mas o País tem grande margem de flexibilidade. Tem toda essa energia sendo exportada, boa parte em forma de lingote de alumínio."...

Por outro lado os protestos internacionais continuam. A OEA como já estava previsto se manifestou contrariamente a construção da usina e pediu oficialmente informacoes sobre os procedimentos para a aprovação da obra ao Governo brasileiro, que se manifestou indignado:


.." A OEA não tem o que falar sobre isso, considerando que existe de fato um sistema jurídico que, primeiro, protege as comunidades indígenas. Segundo, tem instrumental, instituições independentes, como o Ministério Público, que podem questionar e tem um judiciário independente que delibera e julga essas questões. Não tem por quê existir um desrespeito ao processo interno que é democrático, amplo e plural, estabelecer uma decisão absolutamente impertinente neste momento. "... opina Luiz Inacio Adams, Advogado Geral da União.

Mas para os criticos deste modelo desenvolvimentista a posicao é outra:

... Ao que tudo indica, abrir a economia para investimentos internacionais de toda ordem e em setores estratégicos não atingiria a nossa soberania, permitir patenteamento, por empresas estrangeiras, de processos e produtos oriundos de saberes coletivamente constituídos não afetaria os interesses soberanos, mas a iniciativa indígena de recorrer à OEA para a defesa de direitos humanos, sociais e ambientais seria uma afronta à nação.

Assim, o argumento de “atentado à soberania” é mais uma vez utilizado como sinônimo de “discordar de posições e políticas oficiais”, tal como se registra naquelas páginas infelizes de nossa história, escritas com as tintas da ditadura. Aliás, naqueles tempos também se assumia o discurso desenvolvimentista quase como uma lei natural, um destino, a vocação de um país “que vai pra frente”... 
afirma Iara Tatiana Bonin, em artigo publicado recentemente. 

Já para Carlos Irigaray, procurador do Estado de Mato Grosso e professor de Direito Ambiental 

..."A decisão da OEA atende o insistente apelo do Ministério Público Federal e não é diferente das reiteradas decisões tomadas pelo juiz federal que está perto da área e conhece todos os detalhes do projeto e do processo, mas é diferente da decisão individual do presidente do TRF-1, que está na sede política do país, mas a quase 2 mil quilômetros da obra"...

Em Portugal, durante a visita da presidente Dilma Roussef e do ex-presidente Lula, houve manifestacoes na Universidade de Coimbra. Também esteve de passagem por Altamira no ultimo dia 23 de março o astro de Hollywood e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, que a convite do cineasta James Cameron e do líder Kayapó Raoni sobrevoou o Rio Xingu e conversou com índios preocupados com a construção de Belo Monte. Os dois participavam do Fórum Mundial de Sustentabilidade, que ocorria em Manaus, onde o ex-presidente norte-americano Bill Clinton também manifestou sua preocupação com relação à hidrelétrica.

Schwarzenegger no Forum Mundial Sustentbilidade


E por aí vamos... 
Certamente a novela ainda não terminou


LEIA MAIS:





OPINIÕES
Iara T. Bonin, Doutora em Educação pela UFRGS
Philip Fearnside, pesquisador do INPA
Carlos Irigaray

quinta-feira, 17 de março de 2011

Por que o Japão?

Um ensaio sobre o imponderável

O Japão é um país que sempre me intrigou. Devo dizer que nunca compreendi muito os japoneses, e na minha juventude não tinha muita tolerância com eles. Os anos 80 chegaram e com eles a predominancia das Toyotas, Sonys e Sushis... O mundo mudou o seu olhar sobre o Japão. Eu também. Mas continuei sem compreender muitos fenômenos por lá. A economia, por exemplo. Enquanto o mundo todo penava para ter reservas cambiais, o Japão sofria por excesso delas. Dinheiro demais também é problema. O Japão passou a investir em todo mundo, comprando ativos, internacionalizando suas empresas, financiando projetos de desenvolvimento em países do então terceiro mundo, como o Brasil. E mesmo assim ainda tinha problemas por excesso de caixa. Não adianta os meus olhos ocidentais não conseguem compreender a economia do Japão. Recentemente as colunas de economia falavam que o Japão, que vem crescendo a ritmo lento nos últimos anos, corria o risco de entrar em um perigoso processo de deflação e baixo consumo interno.

Mas na verdade o que talvez nossos olhos ocidentais não vejam é que os japoneses que já foram ávidos consumidores de todo tipo de tecnologia e griffes famosas, talvez tenham se cansado de tudo isso, e hoje procurem as lojas de oferta não por falta de poder aquisitivo, mas por excesso dele. Talvez os japoneses tenham estejam se cansando de consumir e tenham mais apreço por outros valores, como o Tempo ou a Natureza ou a Liberdade de se expressar.



Coisas do Japão

Há muitas noticias surpreendentes sobre o Japão: por exemplo, os jovens têm pouco interesse por sexo, 

... Entre os jovens de 16 a 19 anos, 36% dos rapazes se descreveram indiferentes ou com aversão a sexo. Mas eles também podem reclamar delas. Entre as japonesas da mesma faixa etária, o desinteresse ou aversão ao sexo chega a 59%. O percentual cresceu em relação a mesma pesquisa feita em 2008: aumentou 19% entre os homens e 12% entre as mulheres...

Ou a tradicional festa do Sakura:

Comemoração a florada das cerejeiras em Sendai


Os japoneses inventaram o sistema de produção just in time, que revolucionou a cadeia produtiva mundo afora, e agora após os ultimos eventos trágicos que aconteceram por lá, sua própria fórmula de sucesso vai virar contra eles. Como o sistema opera com um cadeia produtiva altamente enxuta, a paralisação de uma parte paralisa rapidamente o todo. A economia do Japão parou. 

Uma das muitas consequencias econômicas é fazer com que a China perca temporariamente um dos seus principais fornecedores de componentes e insumos. 
Outra  é fazer com que a Alemanha, um dos paises onde o movimento anti energia atomica foi mais forte nos anos 70, reveja por pressão da sociedade sua politica de renovação de usinas nucleares. 

Energia Nuclear, não obrigado


Será que este País tão exótico, não estará querendo nos dar a todos alguma lição? 
Este país que já sofreu uma consequencia tão nefasta por seus sonhos de poder, na Segunda Guerra Mundial.
Mas que também sonha outros Sonhos, em Kurosawa, não estará nos mostrando um caminho?


Será que não estão nos dizendo: basta!


Continua...

Fontes:

quinta-feira, 3 de março de 2011

Belo Monte - capítulo 7: a novela continua

Liminar que impedia a construção de canteiro de obras foi cassada pelo Tribunal Regional Federal

Em princípio o principal argumento do desembargador federal, Olindo Menezes,  é que os empreendedores não teriam que cumprir todas as condicionantes do projeto para iniciar as obras. Assim, a novela continua. A liminar obtida anteriormente pelo Ministério Publico Federal, além de impedir a construção do canteiro de obras, também proibia o BNDES de repassar recursos para o empreendimento. 

Recentemente, o grupo Bertin, que detinha 9% de participação no consorcio Norte Energia, responsavel pela obra, desistiu do projeto. Novos investidores são esperados. Entre os cotados: a Vale e grupo Votorantim. 

O Ministerio Publico Federal promete recorrer uma vez mais da decisão. O principal argumento é que não foram realizadas as obras de infraestrutura e saneamento na região de Altamira que deve receber mais de 100.000 trabalhadores em função da obra. Aliás, não é só em Belo Monte que este problema ocorre: em diversas cidades do centro-oeste, onde estão sendo construidas usinas de pequeno porte, ocorre um aumento significativo da população em função da obra, o que termina por causa inúmeros problemas sociais.





Por outro lado, ONGs como Xingu Vivo, buscam um novo forum para a questão, a OEA, que já impediu a construção de uma usina no Panamá, por não respeitar a população local.

Organizações internacioanis de meio ambiente e direitos humanos como Amazon Watch organizaram uma missão internacional a 4 cidades europeias (Oslo, Paris, Londres e Genebra) para  denunciar impactos econômicos, sociais e ambientais, bem como irregularidades que envolvem a construção de grandes barragens na Amazônia.

Lideranças indígenas, como a kayapó Sheyla Juruna, foram ouviadas na Casa dos Lordes, em Londres e na Agência Energética Norueguesa, entre outras instituições.

Protestos em Londres
As barragens trarão danos sociais, culturais e ambientais irreversíveis. Ao investir em hidrelétricas, o BNDES está investindo na destruição da Amazônia. Todos os nossos direitos estão sendo violados”, afirmou Sheyla.

Assim pouco a pouco a questão se internacionaliza. E nós brasileiros vamos deixando de lado mais uma oportunidade de discutir o país que realmente queremos.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A crise da Grécia, desdobramentos - cap 2

Nós, brasileiros, passamos anos tomando decisões econômicas em função do FMI. O bicho-papão que aparecia de vez em quando para ditar as condições para o próximo empréstimo salvador. Assim como nós, os argentinos, os uruguaios... O mundo mudou. E com ele o fluxo de capitais. Ou será que foi o inverso? Bom, não importa neste momento. A realidade dos anos 10, do século XXI é que após anos de bonança, pós entrada na União Européia, o mundo do dinheiro começa a cobrar a fatura das economias mais frágeis, como a Grécia, Portugal e Irlanda. E quem volta a cena: o afamado FMI. Aquele a quem nós, brasileiros, já não devemos mais nada, porque o mundo assim determinou que fosse.

 Passado quase uma ano da crise de liquidez, a Grécia cumpriu parte da sua tarefa de casa:
  • cortou salários
  • aumentou impostos e preços dos combustiveis
  • reduziu investimentos, como do gasoduto que ligaria a Russia, Bulgária e Grécia
  • e ampliou o seu programa de privatizações.
  • reestruturação do Estado e do modelo de governo municipal





O que prevê a nova Lei Fiscal 
A Grécia continua a tomar medidas para aumento de arrecadação fiscal: taxação sobre aumento de área construída em imoveis residenciais, combate a evasão fiscal com pesadas multas e penas de prisão são algumas das medidas impopulares que estão sendo tomadas.
 

Conseguiu um resultado expressivo na diminuição do deficit público, de 13,6% do PIB para 9,5%.
Mas viu a sua economia andar para trás em 2010:  uma redução de 4,5% no PIB em 2010.

Agora a Troika, como os gregos se referem ao trio FMI, Banco Central Europeu e  União Européia voltou a Grécia para dar seu parecer sobre estes resultados. Bom, mas a Grecia precisa fazer mais, conseguir outros 50 bilhões de euros. E como? Privatizações, inclusive de terras públicas. Bem que a Angela Merkel deu a idéia de eles venderem as Ilhas Gregas.

Ora, você aqui, terceiro mundista, agora emergente, pode pensar:
e eu com isso, nós já fizemos nossa parte, e não devemos mais nada pra ninguém. Agora é a vez deles.
Não é bem assim, até porque os que realmente ganham com isso são sempre os mesmos. Ganharam no Brasil, continuam ganhando, comprando. Ganharam na Argentina, no México, na Colombia. E vão continuar comprando. E agora estão ganhando na própria Europa. Começaram pela Grécia, depois Irlanda, Portugal... e não vão parar por aí. Querem basicamente terras, energia, minérios, logística. No fundo o mesmo que em 1500. No fundo os mesmos atores, mudando de posição no cenário.
O erro de países como a Grécia ou Portugal, ou mesmo a Argentina em outro momento, foi acreditar na magia da prosperidade que vem de empréstimos, de fluxo de capital, de privatização e não de renda. O mesmo erro que cometemos muitas vezes em nossa vida pessoal, quando vendemos um bem, ou fazemos uma loucura com o cartão de crédito. Que a história no sirva de alerta.

Erro pior talvez tenha sido acreditar nos ideais da Europa Unida:

  •  salários decentes, aposentadoria mais cedo, empregos abundantes especialmente no setor publico.
  • uma Europa social onde os direitos do trabalhador são protegidos e serviços públicos de qualidade estão disponíveis para todos
No fundo o que começa a se ver é o contrário, uma Europa estagnada, com altas taxas de desemprego, cortes em benefícios sociais. E uma gradativa perda de autonomia dos países. De Estados com uma História como a Grécia. Falta de visão? Ou será o contrário?
Uma Europa alemã?


Os gregos protestam.  Formalmente à União Européia, nas ruas, em greves. Mas... será que será o suficiente, ou terão mesmo que pensar em vender suas ilhas...

greve nos transportes publicos ~ fev 2011
A França e a Alemanha propõe um choque de competitividade. Em um mundo globalizado, não há razões para privilégios. Redução de salários, mais anos de trabalho... senão os empregos migram.
A China criou 57 milhóes de empregos industrias entre 2006-2010, enquanto na Europa 5 milhões de postos de trabalho desapareceram na área industrial entre 2008/9.

Como disse o jornal alemão Berliner Zeitung
"O que a chanceler Angela Merkel está propondo é um pacto da insanidade. Europa não precisa de mais Alemanha, ao contrário, precisa de mais solidariedade e espirito comunitario.

A Europa que se cria pós-industrial se vê ainda fortemente afetada por fatores que pareciam superados, e pior não enxerga o caminho para o futuro. Tecnologia, serviços, conhecimento?
Exportação de mão-de-obra qualificada?


“We have to look to be competitive but that is only one aspect. We should not focus just on the Chinese, we have to be focused on our own market and development. We have to organize a production sector, a service sector and a sector for delivering goods for our own population. That should be the first goal of every politician in Europe.”

" Nós temos que buscar ser competitivos mas esta não é a única questão. Não temos que nos focar apenas nos chineses, nós  temos que nos focar no nosso proprio mercado e desenvolvimento. Temos que organizar o setor produtivo, o setor de serviços e a logistica de distribuição das mercadorias para a nossa propria população. Este deveria ser o primeiro objetivo de cada politico europeu", Jurgen Klute, membro do Parlamento Europeu."

Para onde a Europa se mover afeta um pouco a todos nós...

Leia mais:
 Ekathimerini.com 


Em 24 de fevereiro houve mais uma greve geral na Grécia, com confronto entre policiais e manifestantes.
Convocado por centrais sindicais e movimentos Anarquistas de jovens gregos
Revindicações: fim dos cortes salariais, de privetizações e saida da Grecia do Euro.


sábado, 12 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Belo Monte - capitulo 6: mudando rumos

A sociedade começa a responder


Lentamente a sociedade brasileira começa se manifestar. A grande midia que até o ano passado se mostava amplamente favorável ao projeto, começa uma onda de questionamentos, desmentindo as verdades oficiais. Só para citarmos alguns: o jornal Estado de São Paulo em editorial e a jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo. Por outro lado a OAB se juntou ao Ministério Público, se manifestando a favor da paralisação das obras. A Justiça Federal concedeu prazo de 72 horas para as partes se manifestarem.


Em Brasília um novo protesto foi organizado, com forte presença de lideranças indígenas, e representantes de ONGs ligadas a movimentos ambientais. 

 André Dusek/AE

O abaixo-assinado organizado pela organização internacional Avaaz, reuniu 500.000 assinaturas de internautas contrários ao projeto.


Muito bem, mas o que é mais interessante neste processo é que pouco a pouco começam a aparecer vozes que falam em debate, e questionam que país queremos construir neste momento. O que eu chamo de identidade Brasil. Mais uma vez o programa Entre Aspas, da Globo News tratou do tema, trazendo posições antagônicas. 

A questão não é simples, o Brasil mantendo este ritmo de crescimento tem que gerar, segundo especialistas, 5.000 MW/ano de energia a mais. Ou seja, uma Belo Monte por ano. Como alcançar este equilíbrio?  Esta pergunta começa a ser feita. 


Por outro lado, Belo Monte é um símbolo, mas certamente não é a única usina a causar impacto ambiental, e prováveis mudanças no regime de chuvas, na região Amazônica e do Cerrado. Ninguém fala por exemplo das PCHs, que estão sendo construídas por todos os rios do país, represando inúmeras quedas d´agua. Ainda não é moda falar disso. Mas é uma realidade que causa impactos tanto ambientais, como sociais no interior, por exemplo, de Goiás. Mas este tema fica para o próximo capítulo..


Não seria o caso de se perguntar também, quem são os grandes grupos interessados neste projeto? 


  • Quem são os fornecedores e empreiteiras contratadas?


A Alstom assinou um contrato no valor aproximado de 1,1 bilhão de reais com a Norte Energia do Brasil para o fornecimento de equipamentos de energia para a usina de Belo Monte, terceira maior hidrelétrica do mundo, com uma capacidade planejada de 11.230 MW, projeto localizado no rio Xingu, no estado do Pará, região Norte.
A Alstom é líder de um consórcio formado pela alemã Voith e a austríaca Andritz para fornecimento de 14 conjuntos turbina-gerador Francis de 611 MW e seis conjuntos turbina-gerador Bulbo. A Alstom fornecerá sete conjuntos turbina-gerador Francis, equipamentos hidromecânicos, barramentos blindados e subestações associadas isoladas a gás (GIS) para as dezoito unidades geradoras da usina...Leia mais

  • Qual será o destino da energia gerada?
  • Qual o interesse internacional em relação a Belo Monte. Por que protestos em Nova York?!! 
Saiba mais

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Belo Monte - capítulo 5: licença parcial aprovada, após pedido de demissão do presidente do Ibama

Foi rápido, bem rápido. 15 dias após o pedido de demissão do último presidente do Ibama foi aprovada uma licença parcial para início das obras de Belo Monte. O Ministério Público do Pará entrou com uma ação questionando sua legalidade. Mas é pouco. Os interesses são imensos. Uma obra de 35 bilhões, dinheiro que será em boa parte emprestado pelo BNDES, e que vai fornecer energia para grandes grupos do setor de aluminio. Ora, ora. Que Brasil  queremos senhores?



Area que será alagada...
O Xingu que morrerá, foto reportagem Donizete Tomé

Belo Monte, que era uma unanimidade na grande midia começa pouco a pouco a ser questionada por alguns jornalistas que foram pesquisar o assunto: Miriam Leitão, no Bom Dia Brasil, comentou que a capacidade de geração de energia que deve ser considerada é a média de 4.500 MW e não a que vem sendo divulgada de 11.000 MW que é a potencia máxima em período de cheia, o que faz que o investimento de 25 bilhões seja extremamente alto.


"Quando a licença prévia foi dada, os técnicos do IBAMA achavam que não estava bem avaliado o risco ambiental. Aí, pediram tempo. Mas o governo passado não deu. Exonerou gente, passando por cima das observações dos profissionais. Aí, foi dada a licença com 40 condicionantes. Como não foram cumpridos, não poderia ser concedida a licença de instalação.
Mas agora, um presidente interino do IBAMA dá uma licença parcial para a supressão da vegetação. Isso significa que eles vão desmatar 240 hectares e depois será fato consumado.
Ontem, conversando com o MP, fiquei sabendo que o BNDES, que vai financiar, deu um empréstimo antecipado de um R$ 1 bi. Mas aí perguntaram em que condições se daria isso: o banco respondeu que estava dando com o compromisso de que não seria feita nenhuma mudança no sítio antes da licença para toda a obra.
Economistas dizem que esse projeto representa um risco fiscal enorme, e os engenheiros, que os riscos nessa área não foram bem avaliados. Por isso, acho que precisa ser mais estudado. O governo, no entanto, fala que está sendo discutido há mais de 20 anos. Mas o governo Lula decidiu fazer a ferro e fogo, e o de Dilma está indo para o mesmo caminho."


O documento publicado nesta quarta-feira concede uma licença de instalação parcial, uma vez que o consórcio que construirá de Belo Monte não cumpriu as condicionantes impostas pelo próprio Ibama quando emitida a licença prévia em 21 de julho de 2010. Licença parciais, no entanto, não existem na legislação ambiental brasileira.

Leia a íntegra

A gente vai ficar só olhando???